terça-feira, 30 de maio de 2017

IGARASSU

UM POUCO DE HISTÓRIA:
É uma cidade do litoral norte pernambucano.
Inicialmente a região era habitada por índios tapuias, porém estes foram expulsos por outras tribos antes da chegada dos portugueses à região. Quando esse fato ocorreu, quem vivia ali eram os índios caetés.
Em 1535, Duarte Coelho, então donatário na região, desembarcou naquela terra e iniciou uma batalha com os nativos. Alguns anos mais tarde (1564), a região foi elevada à categoria de vila.

ATRAÇÕES TURÍSTICAS:
- Igreja matriz dos Santos Cosme e Damião: É a igreja católica mais antiga do Brasil, tendo sido declarada Patrimônio Histórico Artístico Nacional no ano de 1951. Sua construção foi iniciada em 1535, após a vitória definitiva dos portugueses sobre os índios caetés. É uma homenagem aos santos padroeiros da cidade e já foi restaurada algumas vezes.

- Convento do Sagrado Coração de Jesus: Localizado perto da igreja matriz, esse convento foi fundado em 1742 e sua capela em 1758. Ele ainda conserva a roda dos enjeitados (local utilizado para o abandono dos recém-nascidos). Sua principal função era cuidar da educação do público feminino.






- Museu Histórico: Localizado entre a Igreja Matriz e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus. É local de exposição de artefatos encontrados na região e que relatam sobre a história da cidade.
 - Sede do IPHAN: A sede do IPHAN na cidade fica no que antigamente era conhecido como Sobrado do Imperador, pois foi uma casa que, segundo dizem, abrigou Dom Pedro II quando este foi visitar a cidade em 1859.

- Sítio dos marcos: Um dos lugares mais importantes de contato entre índios e portugueses. Em 1516 foi construída uma feitoria que se tornou o marco inicial do processo que resultaria na chegada do donatário Duarte Coelho.
- Museu Pinacoteca de Igarassu: Inaugurado 3 anos depois do Museu Histórico, este museu possui uma das mais importantes coleções da América Latina (com quadros dos séculos XVII e XVIII) que relatam a história colonial do estado de Pernambuco. Ele fica onde antigamente era o Convento de Santo Antônio (local construído pelos franciscanos no ano de 1588 e onde as tropas de Manuel Pereira de Morais se instalaram para participar das lutas liberais).

INFORMAÇÕES E CURIOSIDADES:
- A cidade é considerada a segunda cidade mais antiga do Brasil, tendo sido um dos primeiros locais de povoamento português.

- O nome Igarassu tem origem tupi. Seu significado seria “canoa grande”.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

PERNAMBUCO

Em breve!!!

Clique na cidade abaixo para saber mais informações:

Igarassu                            Ilha de Itamaracá                     Porto de Galinhas

Olinda                               Vila Velha                                 

Recife                                Carneiros

sexta-feira, 26 de maio de 2017

PORTO

UM POUCO DE HISTÓRIA:
As origens da cidade remontam ao período romano, quando o povoado era chamado de Cale ou Portus Cale (originando depois o nome do próprio país).  Durante a Baixa Idade Média a região serviu como parada obrigatória de atividade mercantil, e seu crescimento conduziu à necessidade de construção de uma nova muralha para sua proteção. Apesar do crescimento econômico, nessa época, Porto era uma cidade de ruas estreitas e sinuosas. Foi nessa cidade que, anos mais tarde, nasceu o infante D. Henrique.
A cidade passou pela Revolução do Porto (movimento militar relacionado à história do Brasil e à volta de d. João VI para Portugal) e suportou o cerco de tropas de d. Miguel durante a guerra civil (1832-34), num evento chamado de Cerco do Porto. A bravura do povo em aguentar esse cerco levou a cidade a receber o título de “Invicta cidade do Porto”.
Hoje, o centro histórico da cidade é considerado patrimônio mundial pela UNESCO.

ATRAÇÕES TURÍSTICAS:
- Estátua em homenagem ao infante Dom Henrique: Feita em 1894, é uma imagem do infante ao lado de um globo terrestre. Na base vemos uma imagem de dois cavalos e dois tritões sendo levados pela vitória representando o triunfo do português nas viagens marítimas. A estátua também possui baixos relevos no pedestal, o que representa a conquista de Ceuta e o Príncipe no Promontório, além de outros símbolos relacionados com a história de Portugal. A estátua localiza-se na praça de mesmo nome, um local muito bonito e cercado de verde.


- Igreja de São Francisco: Foi classificada como um monumento nacional pela UNESCO. Localiza-se no centro histórico da cidade, à beira do Rio Douro. Sua estrutura conta com cerca de 400 quilos de ouro, o que levou a igreja a ficar conhecida como “a igreja de ouro”. É uma igreja gótica e MUITO impressionante. Hoje paga-se para entrar (porém não lembro o valor) e é proibido tirar fotos em seu interior. Pagando a entrada, é possível visitar ainda a Casa de Despacho e o Cemitério Catacumbal com centenas de catacumbas. Ao final da visita, comprei cartões postais com fotos do interior da igreja já que não pude tirar foto. Não podia deixar de ter registros deste local maravilhoso.
Igreja e Associação Comerial




- Castelos do queijo: Esta é a forma pelo qual o Forte de São Francisco é chamado. Ele recebeu esse nome por ter sido construído sobre uma rocha de granito arredondada em formato de queijo. Era um forte defensivo, e que durante a guerra civil foi usado pelas tropas de D. Miguel para bombardear as tropas liberais comandadas por D. Pedro. Localiza-se nas margens do Atlântico, próximo a foz do rio Douro. Atualmente é utilizado para eventos culturais e turismo.


- Estátua de D. João VI: Estátua inaugurada no ano de 1966, é uma réplica da estátua original oferecida por Portugal ao Rio de Janeiro. É uma estátua equestre em homenagem a D. João VI (que com 25 anos tornou-se príncipe regente de Portugal, fugiu para o Brasil junto com a família real durante as invasões napoleônicas, e após a Revolução do Porto, decidiu voltar para Portugal onde reinou até sua morte em 1826). A cidade do Rio de Janeiro ganhou a estátua original pois d. João VI viveu durante alguns anos por lá. A imagem retratada é de D. João VI sobre seu cavalo, segurando uma cruz.
- Estátua de D. Pedro IV: Esta estátua fica na praça da Liberdade, foi feita com cerca de 5 toneladas de bronze e possui cerca de 10 metros de altura. Ela retrata d. Pedro IV sobre seu cavalo e segurando em uma das mãos a carta constitucional de 1826.

- Estádio do Dragão: pertence ao Futebol clube do Porto. O estádio foi inaugurado em 2003 e possui capacidade para 50.035 torcedores. Não conheci o interior do mesmo. Em seus arredores ocorrem diversos eventos, quando passei por lá, estava acontecendo uma exposição de motos antigas (inclusive motos de guerra), achei bem legal e o evento era gratuito. Localiza-se ao lado de um shopping.






- Diversos museus: Há, na cidade, muitos museus temáticos como o Museu do Vinho do Porto, Museu de História Natural, Museu do papel moeda, museu de arte sacra... Um dos museus mais famosos é o Museu de Arte Contemporânea. Infelizmente não deu tempo de conhecer nenhum deles, por isso não vou entrar em detalhes sobre nenhum.
- Casa do Infante: Onde teria nascido D. Henrique, e construída no século XIII. Lá funciona um incrível museu medieval.
- Vila Nova de Gaia: Na verdade, Vila Nova de Gaia é outra cidade, vizinha e separada de Porto por uma ponte. Recomendo a ida até lá, pois é lá onde ficam as famosas caves do vinho do Porto. Há várias caves que podem ser visitadas, entre elas a Cálem – local de produção e armazenamento de vinho do Porto. Calém foi fundada há mais de 140 anos. Nessa adega, é possível fazer um tour enquanto o guia explica o processo de produção, estocagem e os tipos de vinho. O tour é bem legal e termina com uma degustação de vinhos: branco e tinto.




- As pontes de Porto: A primeira ponte construída para ligar as duas margens do rio Douro foi a Ponte das Barcas (1806), porém ela não existe mais. Já a ponte mais antiga que permanece em atividade é a Ponte Dom Luís I (de 1886). Com o aumento do tráfego foi necessária a construção de outras duas pontes, enquanto a Ponte Luís foi adaptada e passou a ser utilizada pelo metro. Em 1877 ficou pronta a primeira ponte ferroviária: Ponte Maria Pia, que possuía apenas uma via o que não atendeu às necessidades de transporte, e por isso foi desativada no século XX, sendo substituída pela Ponte de São João (de 1991). A Ponte da Arrábida é a principal ligação entre a cidade de Porto e a margem sul do rio. Para diminuir o trânsito e o congestionamento nas pontes Arrábida e Dom Luís, foi construída uma nova ponte, ligando Porto à Vila Nova de Gaia: a Ponte do Freixo. E mais recentemente, foi construída também uma outra ponte chamada de Ponte do Infante (nome que homenageia o Infante D. Henrique), também ligando Porto e Gaia.




CURTINDO A NOITE:
- Rua Galerias Paris: E para curtir a noite? Basta ir até essa famosa rua... um dos points noturno de Porto, a famosa rua dos barzinhos. Achei um pouco diferente a forma como os portugueses curtem a noite: eles não costumam sair e ir em único “barzinho”, mas sim, ficam pela rua, trocando de bar em bar, ouvindo músicas e bebendo. A rua em si é mais animada que os bares. Porém, é possível entrar, se acomodar e beber as famosas sangrias servidas por lá. Se quiser apenas comer, lá também há vários restaurantes. Não me lembro o nome do bar que entrei, achei muito legal, pois ficava no subsolo como a maioria dos bares, na entrada você não dá nada para eles, mas quando entra, os espaços subterrâneos são enormes, beeeem legal :D

INFORMAÇÕES E CURIOSIDADES:
- Porto é conhecida pelo seu vinho.
- Um dos pratos tradicionais mais famosos de Porto são as “tripas à moda do Porto”. Conta a lenda que, em 1145, as pessoas da cidade ofereceram toda a carne que tinham aos expedicionários que partiam em suas armadas para conquistarem Ceuta. Dessa forma, a única alimentação que restou ao povo que ficou na cidade foram as tripas.
- A cidade é encantadora e tem um clima muito legal. As 6 pontes chamam a atenção, uma pena não ter havido tempo para fazer o Cruzeiro.
- Em Porto, encontra-se a casa da Música, que é considerada a sala musical com melhor qualidade acústica do mundo.

REFLEXÕES DE UMA MOCHILEIRA (IN)EXPERIENTE:
Porto foi outra cidade que me encantou... não conheci muito da cidade, fiz um tour de ônibus passando pelos pontos principais, mas nosso foco foi o centro histórico... e é tudo muito lindo, a forma como as casas foram construídas e conservadas, a segurança que senti ao andar na rua. Tudo foi de muito valor! Achei tudo muito charmoso por lá. Nosso guia falou que Porto sofre por não ser conservada, mas não foi a impressão que tive. Sinto que preciso voltar.. gostaria de ter tido tempo para passear de barco pelo rio Douro, passar sob as pontes da cidade. Fica como dica para quem quiser ir, e experiência para a próxima viagem! E não foi só a parte histórica, ao passar de ônibus pela parte mais moderna da cidade continuei encantada com as construções, outra coisa que gostaria de ter conhecido melhor...

Valeu também para conhecer um pouco de como eles curtem a noite, não é bem o meu conceito de curtir a noite, mas “tá valendo”, gostei de sair e me conhecer um pouco mais sobre os costumes locais. 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

SÍNDROME DO ETERNO VIAJANTE

O original do texto abaixo foi feito em espanhol, e é possível ouvi-lo no link que segue abaixo. A tradução foi feita por mim. E para saber um pouco mais sobre os autores do texto procure o site "Algo que recordar" .. a história desse casal é incrível :D

https://www.youtube.com/watch?v=7dKGcg_jBhw



“Hoje não é um dia qualquer, estou partindo novamente. Tenho esperado muitos meses para ir a outra de minhas longas viagens. Todos os aromas, cores e sabores que eram tão frescos em minha mente, começavam a ser recordações difusas que se misturavam com umas com as outras formando uma chuva de lugares que você quer voltar de novo e de novo...
Preciso voltar a perder a noção do tempo, e que cada dia da semana seja chamado o mesmo... não saber em que mês estou, é incrível, mas acontece.
Preciso que os domingos não sejam tristes, ou as quartas-feiras o dia do espectador. Quero que a única coisa importante seja pensar o que fazer em cada momento: onde dormir a cada dia, o que comer, como chegar à cidade seguinte, o que me espera ao descer do próximo ônibus, do próximo barco, do próximo trem...
Não gosto de voar, mas é o preço que tenho que pagar para que, a partir de hoje, cada dia não seja um dia qualquer. O melhor de estar longe de tudo que conheço é saber que a cada passo que dou, algo totalmente novo me espera. Não ter um caminho certo em que eu sei de cor cada semáforo, cada loja, cada esquina... faz-me seguro em tudo ao meu redor. Que eu fique alerta para não perder nada. É então que tenho a sensação de estar em um momento único e que tudo o mais não importa.
Reconheço que estou presa a essa forma de vida. Estou aqui, neste lugar estranho ao meu mundo, agora. E talvez, não volte nunca mais. Tenho que aproveitar cada momento, guardá-lo na memória, para que daqui a muitos anos, eu recupere algum segundo de tudo isso. Algum segundo que tenha sobrevivido ao passar do tempo, e que me recorde daqui por um momento. Não me lembro o que aconteceu em um dia normal da escola há três semanas, mas quero recordar que estive aqui...
Sempre acontece o mesmo, é difícil eu me adaptar às mudanças. É uma pequena descompressão, ou melhor, uma pequena compressão de costumes diferentes que me pegam desprevenida no começo, os mesmos em que pouco tempo me acostumo e faço-os meus. Nunca me deixa de surpreender a capacidade de adaptação que tem o ser humano.
Reconheço que não gosto de encontrar espanhóis pelo mundo. Quando isso ocorre, procuro não falar e passar desapercebida... em parte, me sinto mal por fazer isso, mas a verdade é que odeio as exaltações nacionalistas a quilômetros do seu país. Além disso, é uma situação que torna tudo menos autêntico .... menos especial. E sejamos sinceros, quando alguém está fora de casa, mochila nas costas, buscando experiências novas e querendo viver uma aventura, não quer é conversar sobre “jamón” e “tortilla de batata” com desconhecidos, ao menos, não em seu idioma.
Não sei, parece que pelo fato de sermos espanhóis somos obrigados a manter uma conversa que sempre levará irremediavelmente ao lugar de que viemos. É algo que nunca entendi. Se nos encontrássemos no metrô de Madrid, não conversaríamos sobre nada, por que aqui sim? Que curiosa é a curiosidade. Sinto que as pessoas me olham e me olham porque eu paro para ver coisas que a elas não chamam atenção, pare elas, tudo isso é normal, é seu dia-a-dia. Para mim, não. Para mim um cachorro dentro de uma gaiola com um pote de arroz não é normal. Isso merece dois ou três minutos do meu tempo e uma ou outra foto. Por isso, paro para ver qualquer coisa que aqui seja normal e me sinto observada, o que acho engraçado. Seguramente, alguma vez, em Madrid parei para ver alguém porque estava batendo uma foto de um lugar que vendia churros.
Que curiosa é a curiosidade, sobretudo quando não pretende ser. “Quando em Roma, faça como os romanos”. Provavelmente uma das frases feitas que mais me gera amor e ódio. Ódio porque soa péssimo, e porque quase todo mundo enche a boca para pronunciá-la como se realmente se deixassem levar por ela. Trata-se de uma espécie de violação dramática socialmente aceita. E eu gosto porque é uma verdade em si mesma, e provavelmente, o melhor conselho na hora de viajar. Um conselho que nem sempre sai bem, que às vezes não é muito cômodo, mas que normalmente faz com que você se integre muito mais e que entenda o porquê das coisas. Sopa pela manhã aos 40 graus ao invés de uma torrada? Deve ter algum motivo para isso.
A noite.... a noite me fisga onde quer que eu esteja, por um lado é muito parecida em todas as partes e de alguma forma faz com que uma um lugar ao outro. Por outro lado, é como uma máquina do tempo, ou melhor dizendo, uma máquina do espaço. Um tanto perigosa; me leva e traz sem avisar, me fazendo sonhar com outros lugares em que também quero estar. Liberdade e convicção sob a luz de neon.
Quando eu viajo tento não repetir destinos. Ainda me falta muito para ver e me faltará tempo para ir a todos os lugares que quero. Bem, e dinheiro, claro. Por outro lado, há lugares que me atingiram tão profundo que sempre os tenho presentes. Essa sensação depende muito do que aconteceu da primeira vez que estive ali, como as pessoas me trataram ou as experiências que tive. Gosto de pensar que sempre poderei voltar e que tudo continuará igual ao que foi. Mas isso não acontece. Cada viagem é diferente. Muda você, mudam as pessoas, mudam as experiências. Os lugares que vou guardando em minha cabeça são as projeções dessas experiências, todos são boas lembranças ainda que no momento vivido não tenham sido tão bons.
Ainda que eu esteja um pouco mais ligada à Madrid, porque ali está minha família e meus amigos, meu lar é onde eu estou a cada momento. A necessidade de querer estar em tantos lugares faz com que, para mim, não haja um lugar concreto para chamar de casa. Essas quatro paredes em que entre elas se acumulam coisas, que te prendem a uma cidade. É que não preciso viver durante muito tempo em um mesmo lugar para me sentir parte dele ou, pode ser que eu não goste de fazer parte de alguma coisa por muito tempo, não sei.... vivo em um estado de constante contradição. Quando estou em Madrid, faço todo o possível para me desconectar de tudo que me rodeia, do trabalho, das pessoas e de tudo o que se passa. E agora que estou aqui, gosto de estar conectada, saber o que acontece lá e contar o que faço aqui. É curioso, mas falo mais com meus amigos estando a 10 mil quilômetros de distância do que a só duas quadras.
Hoje, me levantei com um único objetivo: ver como o sol se põe. Passei o dia me perguntando de onde poderia ver melhor o entardecer. Estava tão empolgada que cheguei duas horas antes. Mas aqui estou. Esperando sem desesperar-me, me deixando levar, sem pressa, porque realmente hoje não tenho nada melhor para fazer. E amanhã, penso em repeti-lo.
Ir de cidade em cidade, de vila em vila, me mover de um lugar a outro como as pessoas daqui, que usam qualquer meio de transporte faz com que eu me sinta menos passageira. Quando eu era pequena, odiava qualquer trajeto de ônibus de mais de 50 quilômetros de distância, agora faço viagens de 14 horas em ônibus sem banheiro, que param de repente em um bar de estrada fedido e não param mais pelas 5 horas seguintes, com assentos que não param de mexer ou que não reclinam o suficiente.
Sei que como plano, soa fatal, mas eu gosto. Gosto de viver isso desde dentro. Quando você sai um pouco do habitual, das rotas e caminhos marcados, quando você se perde é quando acontecem as coisas, é quando você conhece um país de verdade. É muito mais cômodo ir de uma cidade a outra de avião, mas você não se perde. Você perde tudo o que acontece ao seu redor.
É incrível como te marca a forma de ver a vida segundo o lugar onde você nasceu. Ainda que generalizar seja injusto e as comparações horríveis, mas inevitáveis, dependendo do país onde você está, vê as pessoas mais ou menos cinzas, mais ou menos comunicativas, mais ou menos abertas e assim, à sua maneira, conseguem o ponto de felicidade que precisam. Conseguem com o muito ou pouco que têm, com o muito ou pouco que conhecem. Creio que a chave é que, segundo meu ponto de vista, me parecem mais felizes, agradáveis ou atentos que eu. Essa é a razão: o que alguém conhece.
Creio que quanto mais viajo, mais valorizo outras formas de ver as coisas e mais objetiva sou em como devo entender a vida. Eu gosto de Madrid, é uma cidade da qual acabo sentindo saudade. Estou presa em um permanente estado de insatisfação, que por outro lado me liberta constantemente.
Para muitos, estou louca, sou instável, irresponsável e imprudente. Eles não podem levar essa vida, não a entendem ou não a querem. Para outros sou como uma aventureira, porque eles também sentiram alguma vez a necessidade de romper com suas vidas para viverem outras coisas. Para mim, ficar quieta em um mesmo lugar, vendo como passa o tempo é renunciar a tudo que não conheço.
Há chegado o tempo de parar? Quero formar uma família. Bem, isso creio, mas não sei quando nem onde. O que sei é que seguiria viajando, mas com eles. Lhes mostraria estes lugares que sempre quero voltar e veríamos outros novos pontos juntos. Encontrei casais com seus filhos dando uma volta ao mundo: duas mochilas grandes, duas pequenas e muita paixão. Assim me vejo daqui a 20 anos. Sonhar acordado é uma carga muito difícil de carregar. Creio que de alguma maneira sou prisioneira da minha ânsia de liberdade constante e isso, não sei se é bom ou ruim.
Conheço pessoas que são felizes trabalhando no mesmo lugar depois de 10 anos, com sua hipoteca, com suas férias em Menorca um verão após o outro. Não precisam de mais do que isso. De algum modo, sinto certa inveja. Eles são felizes com o que têm e cada vez isso é mais claro. E eu, bem, já não sou tanto. Às vezes, penso que não posso ser feliz em um só lugar, terei que ser nessa cidade que não existe. Nesta cidade construída na minha imaginação por vários pedaços dos diferentes lugares em que estive e daqueles em que ainda estarei. Eu sei, estou confusa.”

“A síndrome do eterno viajante é a sensação de não estar cômodo em nenhum lugar porque você precisa estar em outros. É a ansiedade que você sente ao pensar que nunca será feliz em um só lugar. É uma doença... que te salva a vida.”